CIOs sofrem com a falta de talentos de TI no Brasil
Maior desafio dos gestores é encontrar profissionais qualificados
com conhecimento de negócios para entregar soluções de acordo com as exigências
da companhia.
A falta de mão de obra especializada em TI no Brasil preocupa os CIOs. A
maioria das empresas do setor hoje no País tem vaga aberta, mas não consegue
encontrar os talentos certos. Para alguns, a saída é capacitar profissionais
internamente de acordo com as exigências do mercado.
O problema que o Brasil enfrenta com risco de apagão de mão de obra de TI
aqueceu as discussões ontem à tarde durante a IT Leaders Conference 2012, evento
que está acontecendo em Arraial dÀjuda, na cidade de Porto Seguro (BA). CIOs
revelaram que sofrem com a escassez de bons talentos. Eles têm dificuldade para
encontrar não apenas profissionais com conhecimento técnico.
Para Fausto Flecha, CIO da Mendes JR, o maior desafio hoje é achar analistas
de negócios. Com a pressão em cima da TI para que entenda cada vez mais as
necessidades das áreas de negócios para entregar soluções certas, os gestores
precisam ter esse tipo de talento em seu time.
O problema é onde achar especialistas em TI com veia de negócio no momento em
que o Brasil registra um déficit de mais de 90 mil profissionais qualificados,
segundo estimativas do Observatório Softex Sociedade Brasileira para Promoção da
Exportação de Software.
Como o setor de TI cresce acima de 10% ao ano, as previsões das entidades de
classe são de que esse número aumente mais ainda. Os bons profissionas já estão
empregados e as universidades não conseguem formar mão de obra dentro da
velocidade que as empresas precisam nem de acordo com as exigências que o
mercado está pedindo.
Para Wanderson Alves, gerente de TI da Vilma Alimentos, o problema da falta
de mão de obra especializada é questão de educação. Ele observa que há um
descompasso entre universidades e mercado de trabalho e que falta foco. “Hoje há
falta de profissionais em todas as áreas”, comenta.
Flecha constata que o mercado de TI deixou de ser sexy, ou seja, não desperta
tanto interesse dos jovens que estão entrando na faculdade. Eles preferem outros
cursos, o que contribui para aumentar o déficit de especialistas no setor.
Diante dessa dilema, Jedey Miranda, CIO da Euroup Assistence, afirma
considera que aumenta mais ainda a responsabilidade dos gestores de TI, que
precisam repassar conhecimento para novos talentos. A geração Y é sua
esperança.
Diante dessa dilema, Jedey Miranda, CIO da Europ Assistence, afirma considera
que aumenta mais ainda a responsabilidade dos gestores de TI, que
precisam repassar conhecimento para novos talentos. A geração Y é sua
esperança.
Na opinião de Felipe Ávila, gerente de equipe de suporte técnico da
Brasilcap, as empresas precisam ter estratégias agressivas de retenção para
segurar os bons talentos. Ele também acha que as questões de capacitação não são
um problema para a TI resolver. "Quem tem de cuidar disso é a área de RH. A TI
sempre acha que pode resolver tudo", afirma.
Como não encontra os talentos que precisa, Jens Hoffmann, CIO da ZF do Brasil
diz que tenta às vezes tira talentos da concorrência, embora saiba que esse não
é melhor caminho.
Sérgio Diniz, CIO da Terex Brasil, discorda desse tipo de estratégia. Ele
acha que as empresas têm mais e que por a mão no bolso e investir na
qualificação de seus talentos em vez de ficar chorando. "Se não investirmos não
vamos ter bons profissionais", diz.
Diniz, que acaba de chegar na Terex Brasil, dá como exemplo de experiências
bem-sucedidas a iniciativa da SAP que ao montar o seu laboratório de
desenvolvimento em São Leopoldo (RS), contratou profissionais de negócios e os
capacitou em TI. Ele acha que hoje é muito mais fácil treinar gente de negócios
em TI do que o inverso, como estão tentando muitas companhias.
Alternativas
Existem várias iniciativas no Brasil para reduzir o gap da falta de mão de
obra. As próprias companhias estão tentando capacitar talentos por meio de
universidades corporativas e também em parceria com universidades.
Há outras ações para capacitação de talentos de TI em determinadas
tecnologias como é o caso o Instituto Esperansap, criado pela SAP com apoio de
integrantes de seu ecossistema para formar especialistas nas plataformas da
companhia.
Segundo o CIO da BN Construções, Marcos Pasin, que é presidente do
Instituto Esperansap, criado há dois anos no Brasil, já foram formados mais
de 300 profissionais SAP. A entidade sem fins lucrativos capacita pessoas entre
30 e 40 anos, que tenham formação nas áreas de negócios e que estão fora do
mercado de trabalho. Eles recebem gratuitamente um treinamento na academia SAP,
que hoje custa de 12 mil reais a 15 mil reais.
O curso dura de 22 dias a um mês e ao final, aluno tem grande chance de ser
contratado por uma das parceiras SAP. Segundo Pasin, somente a SAP tem um
déficit de 5 mil profissionais no Brasil. Assim, 80% dos 300 talentos
capacitados pelo Esperansap estão no mercado de trabalho.
"O instituto forma gente de baixa renda que tem conhecimento em negócios.
Para nós, é importante ter profissional porque ele vai render mais que os
especialistas em TI", acredita Pasin. Esse profissional passa por um grande
filtro até conseguir essa chance. Cada turma que abre tem uma média de 2 mil
candidatos para 40 vagas.
Os cursos da Esperansap são ministrados em cidades onde há maior demanda por
especialistas SAP e podem ser realizados em parcerias com empresas. Pasin dá o
exemplo de uma turma montadas em Minas com apoio da Usiminas.
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