Ao longo dos quatro últimos anos, as empresas definiram a clara
predileção pelo posicionamento de servidores virtualizados. Muitas
companhias preferem instalar esse tipo de servidor, no lugar das
máquinas físicas tradicionais. De acordo com a IDC, até 2014, espera-se a
transferência de 70% da carga de trabalho atual para essas máquinas.
Diferente dos primeiros dias da virtualização, quando a decisão de
remover servidores físicos que hospedavam processos essenciais era
duramente criticada, as questões que cercam a virtualização da
atualidade, são poucas, quase inexistentes.
Mas mesmo com toda a aceitação, existem confusão e falta de
entendimento vagando pela cabeça dos executivos, não obstante sua
atuação em grandes empresas.
Vamos as principais causas de falta de clareza ao optar pela virtualização:
1. Que tipo de virtualização você tem?
Levantamentos recentes com CIOs e líderes de TI seniores demonstram
que entre as corporações que adotam sistemas virtualizados e as que usam
para dar conta de tarefas consideradas essenciais, poucas aplicam
hypervisors diferentes, de mais de um fornecedor.
“A maioria adere a um hypervisor por vez”, conta Gary Cheng, da
equipe de analistas da IDC. Segundo ele, no geral, apenas uma minoria
acredita que existe mais de um sistema virtualizado em operação na
empresa.
Pesquisas antigas dão conta da liderança do VMware como gestor de
ambientes virtualizados. O mesmo resultado foi percebido no
levantamentos mais recentes da IDC. Ainda assim, houve crescimento no
uso de plataformas híbridas: mais da metade de todas as empresas
iouvidas pela IDC em todo mundo no último ano têm mais de uma plataforma
virtual, sendo Citrix e Hyper-V as mais difundidas por seu baixo custo e
facilidade em adquisição.
2. Observe o ROI com cautela
De acordo com James Staten, VP e analista chefe da Forrester, mesmo
com as vantagens de processamento e em economia gerada pela adoção de
servidores virtualizados, o enorme retorno financeiro prospectado não é
proporcional ao volume de máquinas físicas removidas. Staten acha que,
normalmente, o processo de substituição de máquinas físicas por máquinas
virtuais é realizado em várias fases, o que não necessariamente trará
um ROI cada ano ou a cada vez que a empresa realizar essa implementação.
“Quando você faz uma migração em massa para o ambiente virtualizado,
tem economia direta. Mas tal economia cessa junto com a fase de remoção
das máquinas físicas”, diz Staten.
Para Chen, as empresas deveriam prestar mais atenção aos custos
operacionais ligados à manutenção de sistemas. É comum que observem
apenas a economia proporcionada pela eliminação de máquinas.
Normalmente, a queda do ROI e o incremento dos custos operacionais -
que ocorrem simultaneamente ao finalizar a migração para ambientes
virtualizados - dão aos gestores a impressão de não terem realizado
nenhuma economia relevante.
“Por fim, a TI é obrigada a explicar uma série de fatos aos gestores.
Por exemplo, que o aumento dos custos operacionais é consequência
natural da introdução de mais sistemas na rede corporativa”, explica.
3. Multiplicação dos custos com licenças
Staten aponta para o fato de servidores virtualizados ocuparem menos
espaço e consumirem menor quantidade de energia. Mas a economia direta
cessa nesses pontos. Igual acontece com outros servidores, eles requerem
licenças dos software e sistemas operacionais que rodam.
Por falar em licenças, essa é uma questão com que as empresas devem
tomar muito cuidado, pois existe a ameaça de ela fugir do controle. Cabe
às empresas não se deixarem seduzir pela flexibilidade da instalação de
servidores virtualizados e por sua capacidade de rodar múltiplas
instâncias de uma só vez.
“Se a organização assinar um contrato em que prevê o posicionamento
de 500 servidores virtualizados, ao passo que já está na casa dos 600 e a
tendência é de expansão, há um problema pela frente”, alerta Staten.
“No momento, existem muitas renegociações de contratos de virtualização
em andamento, justamente por questões iguais a essas”, diz.
Thompson, da empresa Target, menciona de que forma percebe a economia
gerada e os custos relacionados à virtualização. “Mesmo com todo o
dinheiro que deixamos de gastar no posicionamento de servidores, a conta
com licenças – 3.500 sistemas Windows mais as licenças dos sistemas
virtualizados – acaba sendo expressiva”, diz, sem mencionar a dimensão
do investimento.
Existe uma grande diferença entre ‘virtual’ e ‘gratuito’”, reforça Chen.
4. Atribuições da gestão
Existe outro benefício teórico na adoção de sistemas virtualizados.
Eles são mais fáceis de gerir do que seus primos físicos, pois podem ser
reiniciados, reconfigurados e monitorados remotamente. “Isso é uma
perspectiva”, diz Dan Olds, consultor chefe da Gabriel Consulting Group.
“Mas o que nossas pesquisas revelam é diferente. Nos últimos quatro
anos, não houve incremento nas declarações dadas por gestores de
plataformas virtualizadas dando conta de uma diminuição na carga de
trabalho ou aumento na praticidade”, completa.
Olds diz que metade dos administradores de servidores x86 com
instâncias virtualizadas acredita que o trabalho ficou mais fácil. Para
uma mionria, a virtualização resultou em maior carga de trabalho. Mais
muitos permanecem em dúvida quanto à redução ou à facilitação de suas
atribuições por sistemas virtualizados.
“Resta descobrir se o suposto aumento na carga de trabalho se deve à
tarefa de gestão dos servidores por força do alto número de conexões, ou
se tal circunstância é fruto da carência de ferramentas”, coloca Olds.
5. Mais qualificação exigida
Para Patrick Kuo, consultor de TI da área de Washington, nos EUA,
existe uma questão relevante a ser observada. Trata-se da qualificação
dos gestores de sistemas virtualizados. “Por vezes, os profissionais
selecionados, para dar conta da configuração e da administração dos
servidores e das instâncias virtualizadas, não dominam as técnicas
necessárias ao cumprimento dessa tarefa”, conta.
Assim que problemas de desempenho começam a surgir nas fazendas de
servidores, basta os administradores adicionarem máquinas extras ou
contratar bandas de maior largura. Mas tal solução implica em custo e em
planejamento logístico. “É tarefa das mais complicadas”, afirma.
Essas circunstâncias não acontecem em plataformas virtualizadas. Por
não serem limitadas em vários aspectos. Engenheiros e planejadores de
data centers virtualizados precisam distribuir a estrutura, levando em
consideração vários detalhes antes ignorados. Se tiverem experiência
limitada à gestão de sistemas de dados e não tiverem sólidos
conhecimentos referentes à gestão de aplicativos e de redes, pode haver
sérias complicações para a empresa contratante.
Segundo Kuo, um de seus clientes, a Daily Caller, demandou uma
configuração especializada para atingir o desempenho esperado. “Tivemos
de planejar uma arquitetura Tier 4 para melhorar o desempenho do
sistema. As camadas são divididas em cachê (1ª), serviço de aplicativos
(2ª), web (3ª) e uma base de dados replica de forma a dar maior
segurança a toda a operação. O Tier 4 é uma camada voltada aos editores e
produtores de conteúdo, e não tem qualquer vínculo com a produção.
É bastante comum desenvolver arquiteturas com vários níveis,
principalmente em data centers e no design de aplicativos de uso
corporativo. Ainda assim, essa arquitetura é, normalmente, executada em
segundo plano e atendida pelo gerente de virtualização da empresa.
Ocorre que manter o foco na avaliação do desempenho de servidores, em
vez de apreciar o panorama geral, confere ao hardware um peso
injustamente grande na equação. É sugerido que seja observada a
performance conjunta das funções cumpridas pelos stacks nos data centers
e remover o foco restrito ao hardware.
“As pessoas têm mania de não otimizar plataformas virtualizadas,
sendo que, especialmente no caso das corporações é necessário que se
entre nos detalhes. Você deve monitorar o funcionamento das instâncias
em situações de determinadas cargas de trabalho e observar os diferentes
segmentos para avaliar qual seria o cenário em eventuais aumentos de
10% na carga de processos. Assim que evidenciar uma camada deficiente,
vale reservar recursos para supri-la de forma preventiva”, recomenda
Kuo.
6. Virtualização não vem sozinha
Phil Hochmuth, gerente do programa de produtos de segurança da IDC,
avisa que não há servidor virtualizado igual a outro. “Mesmo assim,
qualquer operação que seja efetuada em um servidor deverá ser repetida
em outro ou em todos”, diz Hochmuth.
“Uma maneira bastante comum de monitorar servidores físicos, consiste
em instalar clientes de softwares bem leves para dar conta da geração
de relatórios com informações sobre desempenho enviadas para o console
principal”, sugere. “No caso de servidores virtualizados, essa operação
implica na instalação de um agente no servidor físico e outro na
instância virtualizada”, completa.
Fonte: http://cio.uol.com.br/tecnologia/2012/01/30/virtualizacao-seis-duvidas-muito-comuns/